"Os medíocres são aqueles que buscam a normalidade." (Jung)
Concordo! Estou escrevendo desde que era uma jovem de quinze anos e, hoje, já com setenta e um anos, ainda não transformei meus escritos em papéis rasgados, publicando em lugares na internet, até mesmo neste meu blog "Artes... Ecos e Espelhos".
Gosto muito dele, acho que me traduz, já que não tem apenas textos... Usarei um subtítulo para o que publicarei a partir de agora, e será a palavra "Reticências". Por que reticência?
Somos mutantes! Tudo que escrevo pode ou não ser durável... Não me autodenomino escritora, e sim alguém que sempre gostou de escrever e que guardar esses papéis tem me levado cada vez mais a não me expressar por meio das letras.
Usarei essa palavra também como um símbolo de continuidade que cabe aqui neste exato momento em que estou querendo também entender por que venho perdendo não apenas o hábito de escrever, mas também da pessoa que fui. Tenho ficado meio que escondida para me adaptar aos diferentes grupos da sociedade com os quais convivo. Provavelmente me acomodei, criei máscaras que se ajustaram ao meu rosto ou me maquiei para aderir à massa uniformizada que me sufocava e desafoguei covardemente. Fugi da lucidez quase como uma criança que acredita em contos de fadas com finais felizes.
Posso também, no processo natural de amadurecimento, ser mais diplomática e me transformar em alguém que ignora a si própria? Por quê? Sinto tanta falta daquelas palavras que me cobravam ser eu mesma, independente da consequência!
Preciso acreditar que a escrita é minha aliada e me convencer de que sempre é possível dar vida aos nossos projetos! Você me lê?
Então, minha busca pelas folhas que escrevi ao longo das décadas, em forma de frases, textos, poesias, ou mesmo através de traços, desenhos, colagens e esculturas, que são outras formas de expressão que também gosto muito, deu certo!
Sei que não posso ignorar ter usado várias desculpas para não fazer o que estou fazendo, e a que mais me convencia quanto a publicar era temer que pessoas confundissem minhas narrativas pessoais com criações puramente imaginativas, e isso poderia ferir pessoas tão importantes para mim. Agora, menos intimidada, recolhi essas folhas que escrevi ao longo de mais de meio século com as que raramente ainda escrevo e percebi que não são muitas. Sempre fui muito desorganizada. Compreendo também que não foram apenas papéis que se extraviaram no tempo...
Refletindo sobre o vazio das páginas perdidas, questionei: por que publicar? A resposta veio imediatamente!
Escrever é, para mim, um ato de ir além da normalidade, abraçar a singularidade e a libertação de quem sou. Quero que as palavras ganhem vida própria e compartilhar minha verdade, sonhos e experiências, sejam elas sinceras ou não.
Nessa jornada de autoconhecimento e expressão, paro de representar todas as personagens que sou de acordo com o enredo que a vida se apresenta e me denuncio no palco do mundo, apenas como mulher, muitas vezes frágil, mas completa. É nessa fragilidade que enxergo a oportunidade de me fortalecer, palavra por palavra, frase por frase, folha por folha, até finalmente publicar aqui e, quem sabe, em outras mídias.
Guil
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